My Own Prague

Traveling Abroad


A mitologia Muisca


Visitar a Colômbia é se deparar com uma mitologia latente. No modo de vida, comportamento e costumes, as tradições do passado - que não é tão longe assim - são possíveis de serem observadas caso olhe com um pouco mais de atenção. Os detalhes são encontrados em diversas esferas, a sociedade matriarcal, mesmo sendo em sua maioria muito machista, os cabelos compridos e a importância que se dá a eles, os alimentos, as bebidas, os jogos, as roupas, entre outros. Saber um pouco mais sobre a mitologia ajudará a compreender melhor esse povo, principalmente os habitantes do altiplano.

Os índios muiscas habitaram a antiga região do altiplano Colombiano, eram politeístas na civilização pré colombiana. Acreditam que uma mulher, Bague, é a mãe criadora do Universo, ela é inatingível, é o pensamento e tudo o que existe no mundo. Se caracterizaram por terem sido um povo muito desenvolvido, o mais desenvolvido que os conquistadores encontraram e tinham como principais trabalhos a extração do sal, o trabalho de ourives e a manufatura de algodão.

Cusmuy – A casa cerimonial
“El Cusmui es um cuerpo, reflejo del mundo, del território, donde cada elemento cumple uma función. Así mismo, el hogar es la escuela donde alrededor del fuego, escuchamos las palavras que se comparten em el fuego de nuestros corazones. El hogar es el stio donde nos construímos como personas que cuidan y prolongan la gran obra.
Sabes escuchar com corazón em tu hogar?
Estás aberto a escuchar el corazón de tu hogar?”
Cabildo Muisca
Para ser um líder muisca era preciso passar por muitas provações durante muitos anos desde a juventude. Quando os futuros caciques tinham entre 8 ou 9 anos eram levados para uma espécie de caverna, onde eles ficavam 1 ano por mês de gestação, ou seja, 9 anos sem poder sair na luz do dia, além disso não podiam fazer uso de sal, pimenta e carne para que pudesse ter a noção do sabor natural dos alimentos. 

Passados os 9 anos, o futuro cacique era trazido para a casa cerimonial onde encontrava as mais belas mulheres da região dançando sensualmente para ele provando que o jovem já teria o controle da mente e do espírito sobre o corpo. Caso o púbere de 18 ficasse excitado com o que estava vendo sofria o pior castigo que existia lhe cortavam o seu..... Cabelo!

Isso porque na mitologia Muisca o cabelo é algo muito importante, é a força, a vitalidade, onde estão guardados os nossos sentimentos e pensamentos. Para a mitologia Muisca esse é o vínculo com a natureza, é a raiz do ser, se a raíz é cortada, passamos a morrer lentamente.
Principio Creador
“La vida se origina em el pensamento, antes de que cualquer cosa se pueda manifestar. Por esto debemos tener cuidado com nuestro pensamento. Si pensamos com amor, seremos creadores de um sueño com verdade, que se integre com la fuerza creadora que rige este mundo.
Eres el dueño de tus pensamentos?”
Cabildo Muisca

Se o cabelo de um Muisca fosse cortado, estava condenado a sofrer o resto da vida em eterna solidão. Na época, existiam as Guarrillas – que hoje, com seu conceito totalmente retorcido, é sinônimo de prostituta – essas mulheres cortavam seus cabelos para ajudar na luta em favor de sua tribo. Fazendo isso sabiam que ou morreriam na guerra, ou estariam condenadas a eterna solidão.

Em qualquer povo, se entendemos sua mitologia entendemos melhor os seus rituais, suas cerimônias e esse era um povo que precisava entender muito os ciclos da natureza e sua periodicidade para assim “controlar” suas transformações.
Guayacán
“Los distractores están a cada passo del caminho. Estar centrado em el pensamento y la palavra, nos proporcionan la fuerza para sostener nuestros sueños. La confusión aparece cuando el orgullo de nuestras pretensiones nos aleja del fuego del espíritu. Así como el guaycan sostiene el mundo – pensamento – estar centrados nos permite encontrar um caminho com corazón.
El caminho que recorres la haces siguiendo el caminho del corazón?
Cabildo Muisca

Para os Muiscas não existia apenas o plano da terra, existia o mundo masculino, que estaria sobre nós, o mundo do fogo que faz conexão com o povo pelo sol. Na parte baixa, o nosso mundo, está o feminino, o mundo da água, que nos conecta por meio dos rios e das lagoas e ao centro estaria o mundo neutro e seria tarefa do ser humano conseguir equilibrar esses mundos. Esse povo considerava o sol e a lua um casal, pais da humanidade e os mesmos simbolizavam a articulação do matrimônio como conjunção do poder inseminador da luz do dia e da noite
Tradición em lon ninõs
“Educar en la verdad es uma tafea que va más allá del sólo hecho de alimentar. Como el cuerpo necesita alimentos, así también el espíritu necesita orientación y la nueva generación, debe crecer com orgullo de lo que se es y tiene. Sentirse orgulloso de ser hijo de la madre tierra, perpetuará nuestro pensamento a las nuevas generaciones.”
Cabildo Muisca
A economia tinha como principal pilar a exportação de produtos como esmeraldas, algodão, cobre, sal e principalmente ouro (grande parte do acervo em exposição no Museu do Ouro vem do povo Muisca). A sociedade era essencialmente agrícola e possuía uma complexo sistema de irrigação. Profissões como Ourives e Ceramista eram muito importantes e respeitadas, e durante os anos foram capazes de desenvolver técnicas refinadas de manipulação do ouro e do barro usando  outros elementos como a cera de abelha!

Além disso a produção textil também representava uma parte muito importante para essa sociedade, era sinal de status, quanto mais colorida a roupa que uma pessoa vestia, mais importante ela era na hierarquia muisca. Podemos ver até hoje esse costume na população colombiana, muitas cores e cores fortes são do gosto popular.

A alimentação era muito equilibrada, sendo composta por frutas e principalmente o Milho, que até hoje pode ser visto como um pilar da alimentação colombiana. Eram muito inteligentes e usavam as diferentes altitudes a seu favor, assim, podiam plantar alimentos que necessitam de mais calor em lugares mais baixos e aqueles que necessitam de mais frio nos lugares mais altos.

As festividades eram eventos muito comuns, com muita musica, comida, cores, que tinham grande associação com os períodos de colheita e os ciclos da vida. Para deixar ainda melhor a festa os muiscas produziam a chicha, bebida fermentada de milho que até hoje é encontrada (principalmente no centro de Bogotá).

Até mesmo os esportes foram mantidos na tradição até os dias de hoje, além da luta, um esporte muito comum na Colombia é o Tejo (leia TERRO), que consiste em lançar um disco gordinho de ferro em um bloco de argila e o objetivo é acertar o meio desse bloco, além disso, também ganha pontos se acertar os pacotinhos de pólvora. É um jogo muito divertido, difícil e aconselho a fazer um bom alongamento antes e depois, já que as dores no dia seguinte são inevitáveis! Mexemos músculos que nem sabíamos que existia! Geralmente, para se jogar o tejo, não é cobrado nada, a unica exigência é que o jogar consuma as bebidas do estabelecimento, o mais comum é que se tome cerveja, o que pode deixar o jogo um tanto quanto perigoso se você não tiver muita prática! Ouvimos que um jogador morreu porque um tejo acertou sua cabeça!

Para mim foi muito difícil no começo, o peso da peça agrava a dificuldade, ao final de 5 ou 6 horas jogando já fui pegando o jeito e fazendo alguns pontos! A pressão era grande pois eu a unica mulher e talvez a mais nova jogadora daquele lugar!
Pontuação máxima do tejo!

*As imagens são da reserva da Lagoa de Guatavita!



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