Um mês se passou desde que cheguei aqui, e é estranho pois as vezes parece que passou muito tempo, outras vezes parece que não foi nada, mas a realidade é que foi pouco tempo - se eu considerar que volto só ano que vem - mas muito tempo pela quantidade de experiências pela qual passei, incluindo pessoas, lugares, gostos, cheiros, sensações.
Faz um tempo que venho refletindo sobre esses sentimentos, essas experiencias, e eu não poderia deixar de falar da pessoas que conheci nesse período, acho até importante ser a primeira coisa a ser lembrada por mim, hoje e sempre. Não sei se foi sorte, ou se as coisas realmente funcionam assim por aqui, mas desde o momento em que eu estava no Brasil, durante todo o - doloroso - processo do pré-intercâmbio muitas pessoas daqui me ajudaram, e eu sei que é o trabalho deles mas é possível perceber quando alguém faz além do seu trabalho, respondendo prontamente inúmeros e-mails de uma estudante desesperada e sem confiança acerca de tudo - se daria certo ou não.
Charles University |
Então um grupo de pessoas de minha universidade, incluindo funcionários, professores e alunos foram responsáveis pela minha recepção aqui. Primeiramente cheguei no aeroporto e havia um homem com uma plaquinha com meu nome escrito me esperando. E por ele fui dirigida até meu alojamento e o mesmo fez todo o trâmite - em tcheco - para eu conseguir a chave do meu quarto. Agradeci e ele foi embora, nunca mais o vi, ele é estudante do mestrado na Charles University.
Primeiro dia de "aula" um dos alunos da geografia me esperava na porta da universidade - claro, combinamos previamente mas foi iniciativa dele me ajudar - Ele me levou na secretaria, mostrou um pouco da faculdade, me ajudou com carteirinha e coisas burocráticas. Até hoje nos falamos, e sempre com a maior boa vontade me ajuda com todas as minhas dúvidas a respeito de tudo e qualquer coisa.
Segundo dia de "aula" já conseguindo caminhar com as minhas próprias pernas fui encontrar um professor que havia trocado inúmeros e-mails comigo sobre burocracias por eu não ser uma aluna do ERASMUS - intercâmbio europeu - e por isso eu teria menos aulas, e seria um método diferente de avaliação etc. Ele é conhecido por ser um homem muito ocupado. Parou tudo o que estava fazendo e me apresentou a outros professores, se mostrou interessado no Brasil e no que eu estudava, em como funcionavam as aulas, departamentos, laboratórios, se prontificou a tirar qualquer duvida e me disse que se eu quisesse eu poderia entrar em grupos de estudos, teria acesso a literatura que desejasse, mas o que mais me impressionou foi que ele me deu uma chave de um escritório, no qual eu poderia estudar quando quisesse - Nesse momento fiquei totalmente desesperada, achei que eles estavam me confundindo com alguma super estudiosa no mestrado do Brasil e que eu teria que estudar muito, e ao mesmo tempo rolava um sentimento de não querer desaponta-los, fiquei bem desesperada, mas, ao que parece eles são assim mesmo.
Eliska (mora comigo), veronika, eu |
Primeiro dia em que conheci a menina que divido o flat e que agora divido o quarto, uma tcheca de cabelos da cor do outono - porque pra mim não existe mais o ruivo, só a cor do outono - sempre sorridente se apresentou e pediu desculpas caso ela tivesse me acordado - pois era 2 da manhã.
Sempre muito preocupada em saber como estou, me chamou para conhecer seus amigos, que também me receberam muito bem, e quando eu estava doente ela me deu uma caixa inteira de remédios - a ultima que ela tinha - me fez um chá e disse para eu não exitar e que qualquer coisa deveria chama-la no quarto.
Um belo dia, estávamos indo encontrar seus amigos, pois era o aniversário de um deles, e ela me chamou pra dividir o quarto dela, assim eu não ficaria tão sozinha, ficaria mais barato para mim e não teria perigo de chegar uma pessoa chata pra dividir o quarto com ela. Achei muito legal e foi como um sinal de receptividade, e hoje mesmo estou me mudando para la, pois um mês se passou..
Escutei tanto as pessoas falarem de como o povo daqui é fechado, de mau humor, chato, que só pensa em si mesmo. Acho que quem teve essa impressão não conheceu um tcheco de verdade ou não leva em conta uma cultura mais fechada mesmo, outro dia estava conversando com alguém que não era da europa, acho que conversei com um Israelense e chegamos a conclusão que isso deve ser problema de países frios, essa distancia, essa frieza. Mas isso não quer dizer que eles são mesquinhos ou qualquer coisa do tipo, quer dizer que são diferentes, e cada qual com a sua diferença, sabendo aceitar e lidar fica lindo!
É claro que nem tudo são rosas só expus aqui a parte boa, eles não são as pessoas perfeitas, mas isso eu deixo para um próximo post...
*acho que cabe aqui dizer que, para mim, a trilha sonora perfeita, que combina muito com Praga é coldplay! qualquer musica parece que se encaixa com esse lugar, é quase mágico!
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